quinta-feira, 29 de outubro de 2020

GUERRA? TO FORA!

 1991

Prosseguindo com os torneios de masters da Band sob o comando de Luciano do Valle houve um em Miami.

Todos se dirigindo ao aeroporto de Cumbica/SP para o embarque.

Delegação da equipe e nosso time de comunicadores para as transmissões.

Todos ajeitando as bagagens, cada um buscando seu lugar, corredores do avião congestionados nessas horas, e a partida para os USA estava bem próxima.

Sem celulares nesses tempos aqui no Brasil cada um que adentrava o avião trazia as últimas informações ouvidas nas rádios momentos antes de embarcar.

E eis que surgiu uma noticia/bomba:  Guerra do Golfo deflagrada.    

Impacto para todos pois estávamos prontos para voar aos Estados Unidos, então envolvido nessa guerra.    Olhos arregalados, perguntas das mais diversas sobre se teríamos ou não o Torneio, dá para imaginar como ficamos nessa hora.

Na verdade esse conflito já havia começado em 1990 quando o exército iraquiano invadiu o Kuwait e os desdobramentos não pararam culminando com esse de janeiro de 91.

A verdade é que houve pânico dentro da aeronave.    Nossos diretores procuravam tranquilizar a todos dizendo que o torneio haveria, sem nenhum problema.

As comissárias de bordo, perguntadas a todo momento se o avião decolaria mesmo assim, e elas confirmavam que o voo estava dentro do horário e sairia normalmente.

Fechadas as portas da aeronave surgiu um problema ( mais um ).

Faltava um passageiro.   Um dos jogadores da seleção de masters teria "fugido".    E quem estava a seu lado testemunhou que ele se apavorou com a noticia da guerra, pegou a mochila e se mandou dizendo "guerra?  To fora!"   

E esse jogador era o Paulo Izidoro, apelidado no futebol como Tiziu, com passagens pelo Atlético Mineiro, Grêmio, Santos, Guarani, seleção brasileira e outros clubes brasileiros.

E a seleção viajou, fez os jogos, o torneio teve boa presença de público, com sucesso, enquanto na televisão assistiamos aquelas imagens dos mísseis cruzando os céus do Iraque....( sem o Tiziu ).

* detalhe desse torneio em Miami:  pela primeira vez eu tive contato com um aparelho celular, alugado nos USA pela rádio Bandeirantes e utilizado pelo saudoso repórter Cândido Garcia.




quarta-feira, 28 de outubro de 2020

O REI DO GATILHO.

Certa vez num estádio do interior de SP lá estávamos pela Band para mais uma transmissão de futebol.

A meu lado Mário Sérgio Pontes de Paiva, saudoso e querido amigo.    Fiz dezenas e dezenas de eventos com o Mário e conheci o "outro lado" dele, o da generosidade.

Nesse estádio, onde não havia cabine para as emissoras de televisão, fomos colocados quase que em meio à torcida das cativas, apenas separados por uma frágil cerquinha, de um metro de altura.

Mário era o alvo dos torcedores mais exaltados, principalmente pelo seu temperamento franco e direto nos comentários, jamais se policiando ao se expressar, embora profundo conhecedor do futebol e um dos melhores com quem dividi as jornadas.

O time da casa perdia o jogo e aqueles torcedores se dirigiam ao Mário e o ofendiam.   Alguns até com ameaças daquelas que bem conhecemos em estádios.

Terminado o primeiro tempo foi inevitável uma pressão maior pra cima da gente.    Sobravam palavrões aos nossos ouvidos e aos poucos eles se aproximavam mais de nós.

Confesso ter temido agressões a qualquer momento.    Policiamento?     Zero.

Num determinado momento eis que Mário Sérgio abaixa-se e pega a sua bolsa tirando dali o seu calibre 38 que sempre levava consigo.     Por isso também era apelidado de O Rei do Gatilho.

Tirou o revólver da bolsa, engatilhou e disse:  "venham agora, podem chegar!"  

Como num passe de mágica os valentes cidadãos DESAPARECERAM.      Escafederam-se.   

Ficou um deserto à nossa frente nas cativas.        Correria e aí chegou o policiamento para perguntar "o que tinha acontecido?"    Relatamos aos policiais e aí a coisa pegou, porque os guardas queriam tomar a arma do Mário.

Argumentamos e invocamos a legítima defesa, pois aqueles vândalos iam nos atacar, nos agredir e só restou rechaça-los intimidando com a arma.

Em resumo, com a chegada de um capitão a arma ficou com o Mário, reforçou-se a segurança à nossa frente e pudemos seguir com a transmissão.

Detalhe:  na confusão toda perdemos uns 2 minutos do inicio da segunda etapa.    




 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

AS SAPATADAS DE UM TRICAMPEÃO

Já contei esse acontecimento mas foi tão marcante que volto a escreve-lo.

Chegamos a Tandil, interior da Argentina, 1996, pré-olímpico de futebol

Na nossa equipe da Band estava o tricampeão do mundo, Tostão.

Tandil, cidade pequena, poucos hotéis, e no que estava destinado à nossa equipe mal cabíamos dentro dos quartos.   Ou entrava a gente ou as malas.

Vexatório, portanto, principalmente pelo fato de termos um campeão do mundo junto.

Reviramos a cidade e o único com disponibilidade também era modesto, pequeno, mas ao menos com quartos um pouco maiores.    Lá fomos nós, então, um pouco mais para o centro da cidade.

Nosso hotel, porém, tinha um inconveniente: os pernilongos.     Parecia que o "ninho" dos ditos cujos se concentrava no local.     Nunca vi tantos.

Na hora de dormir primeiro havia a batalha de exterminação dos danados ( ou uma tentativa de acabar com eles ).     Na recepção haviam acabado os recursos para combate-los, evidentemente, porque todos os hóspedes queriam os repelentes inseticidas e etc.

Então não nos restava outra opção a não ser abate-los com nossos pertences.   Os sapatos e chinelos eram as armas mais eficientes.    Eu e Tostão dividíamos o quarto e chegamos à conclusão que nem em Minas Gerais e nem em Americana, nossas cidades, havia tantos pernilongos.    Nunca tínhamos visto tal cenário.

Não é preciso dizer que durante 15 dias aproximadamente as paredes do quarto estavam todas marcadas pelos nossos pisantes.     E nem precisa dizer que na hora do checkout o gerente quis cobrar a pintura das paredes.  

Travamos um severo diálogo com a gerência e evitamos a cobrança, evidentemente.

Um colega da equipe até brincou com o cidadão dizendo que ele jamais deveria mandar pintar aquela parede, pois alí estavam as "sapatadas marcantes" de um tricampeão do mundo:  TOSTÃO.




 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O PROTAGONISTA, O COADJUVANTE E O FIGURANTE.

Na minha carreira profissional nunca almejei ser O protagonista.    Sempre achei que não tinha suporte psicológico para tal.     E acertei.

E me realizei, pois até hoje sou um coadjuvante, ou figurante, mas com a consciência limpa e tranquila de que todas as atividades precisam desse elemento.

No cinema, nas novelas, enfim, em todo trabalho artístico, as grandes obras não podem ser feitas apenas com o protagonista.   Os figurantes, os adjacentes, todos são muito necessários, vitais para que tudo se encaixe.

Pelé, como exemplo, o aniversariante do momento, fazia magistralmente a sua parte, contudo o restante dos times em que atuou ( Santos e seleção brasileira ) tinha outros craques fenomenais.

Ninguém resolve uma parada sozinho, essa é a verdade.    Tudo gira em torno de uma equipe.   Até os grandes tenistas da história tiveram uma "equipe" de trabalho, de preparação, de ajustes.

Recebo elogios, felizmente, mas quando sou criticado por ser "mais um" fico na minha e a consciência me tranquiliza dizendo:  você faz seu trabalho profissionalmente e se coloca no seu lugar.   Nenhum trabalho é menor se ele for efetuado com efetividade e utilidade em um esquema.

Alguém disse certa vez:  ser famoso dá muito trabalho.     E é verdade.    Haja suporte para tantos compromissos, badalações, críticas e invasão de privacidade.

Por isso também que muitos famosos sucumbem e se perdem nas águas da popularidade.   A carga é forte sobre os ombros e a mente.

E o perigo disso tudo é a FUGA.    Os caminhos que enganosamente amenizam os problemas de ser muito famoso são os mais diversos e quase sempre altamente perigosos.

Num mundo de maldades e de atiradores verbais no anonimato é necessário maturidade, equilibrio, compreensão dessas mentes e ser superior.    Além, é claro, de ter a consciência limpa e bem assentada.     

Por isso, não se diminua se na sua atividade você não protagoniza aos olhos de alguns.   Toda atividade produtiva, honesta, ética, tem muito valor e merece muito respeito.   

É apenas uma visão sobre o tema.    Nada profundo e cientifico, obviamente.



sexta-feira, 23 de outubro de 2020

O PERIGO DAS PESQUISAS E COMPARAÇÕES

Presto muita atenção em tudo e especialmente nos detalhes. 

Minha profissão, na verdade, sempre exigiu isso.   Olhos ligados a todo momento em tudo o que se movimenta à minha frente quando de um evento esportivo.   Nada pode passar despercebido.

Por exemplo, quando Pelé começou a aparecer para o futebol nos anos 50 jogando pelo Santos e logo pela seleção brasileira eu ouvi de pessoas mais velhas que "o neguinho é bom" mas não chega aos pés de Friedrich, Leonidas da Silva e outros veteranos da bola.

Claro que isso está dentro do ser humano, o saudosismo, supervalorizar as coisas e os idolos de outras épocas, o que dá para entender o que acontece até os dias de hoje.

As novas gerações idolatram os jogadores de agora pois é o que eles estão vivenciando, vendo, batendo palmas.   É o que está à frente de seus olhos.

Exemplo:  os sãopaulinos de hoje elegem Rogério Ceni como o maior goleiro do Tricolor.   Mas se você consultar quem hoje tem 60, 70 ou 80 anos idade, houve muitos outros arqueiros espetaculares vestindo a camisa saopaulina ( José Poy, Sérgio Valentim, Valdir Peres, Zetti... ).    

Da mesma forma em outras posições do time.   Os mais vividos elegerão craques notáveis como Pedro Rocha, Roberto Dias, Canhoteiro, Zizinho, Bauer, Gerson, Mauro e por aí outros tantos.

É claro que fica difícil dividir em faixas etárias as pesquisas, então tudo é num pacote só, mas ficando apenas com os votos atuais da maioria ( jovens ) cometem-se injustiças graves com os jogadores do passado.

Nem falo em "comparações" que poluem as páginas e telas, pois essas são tremendamente injustificáveis.   Misturam-se as épocas, os estilos de jogo, características de cada atleta, e fica impossível um resultado justo e com méritos a cada envolvido.

Procuro sempre me excluir de qualquer trabalho comparativo dando opinião.   Ou quando participo sinto que não agrado pois exponho essa minha tese da injustiça no resultado da pesquisa e a rejeição à minha participação é notória.

Por essas e outras, cada um no seu tempo.   Cada um na sua época vivida.   Enalteçamos os que brilham no presente sem nos esquecermos daqueles que brilharam no passado.

Mas para isso é necessário que se pesquise, que se aprofunde nas investigações, que se conheça a história dos clubes e seus grandes idolos, cada um no seu tempo.    

   

terça-feira, 20 de outubro de 2020

PELÉ 80

Pelé, obra de Edson Arantes do Nascimento, completa 80 anos de vida.

Dispensável relatar tudo o que ele fez com a bola nos pés.   Os documentos com imagens estão liberados para quem quiser ver.    Talento inigualável, assim defino.    Eu que nunca gostei de comparações de talentos e em nenhum setor de atividade,  pois cada um tem sua história com virtudes e defeitos, também não quero comparar outro atleta com Pelé.

O que vi dele em campo só posso dizer que me encantou sobremaneira, aliás encantou o planeta cravando sua imagem, eternizando sua aura e arrancando aplausos por onde passasse.

Pelé nasceu com o dom de maravilhar as pessoas num jogo de futebol.    Inteligente, driblador, visionário de jogadas, atleta, um dos maiores fazedores de gols da história mundial.

Tive a rica oportunidade de conhece-lo melhor na cobertura da Copa do Mundo/1986 no México quando ele integrou a equipe de Luciano do Valle pela Band.

Ficamos 30 dias em terras mexicanas e meu testemunho é o reconhecimento das pessoas pelo que ele representou jogando bola.   Ele não conseguia dar um passo no Centro de Imprensa pois era assediado direto para abraços, fotos e autógrafos.    E sempre com paciência e muita atenção a todos.

Aquela campanha da Seleção em 70 no México cravou fundo no coração dos mexicanos e eles passaram a ser os idolos dos astecas que viram e se encantaram com o futebol então jogado.

O amigo radialista Rogério Assis me enviou um material que está no youtube sobre aquele jogo comemorativo de 30 anos atrás em Milão quando o Rei fazia meio século de idade.

Eu e Mário Sérgio(saudoso e querido) fizemos aquela transmissão pela Band e foi um momento muito especial para esse comunicador.      Uma escala que foi um presente, na verdade.

PARABÉNS, PELÉ!!!!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A "VALENTE" COVARDIA.

Amigos e companheiros de imprensa seguem sendo ameaçados de morte quando opinam e não bate com a de quem os lê, ouve e assiste.

A covardia se esconde pelas redes sociais mas o que esse pessoal não sabe é que é possível descobrir de quem partem as ameaças.

Ficar no anonimato pela internet está cada vez mais impossível e portanto TODOS podem ser facilmente localizados nesse universo.

Assim como os hackers invadem nossas contas bancárias e sociais, também a polícia tem como vasculhar e chegar até a fonte dos covardes.

A democracia permite que discordemos de opiniões e as contestemos, desde que haja respeito, educação e fineza de tratamento.

O que se constata nos dias de hoje, tristemente, é a total irresponsabilidade de quem se utiliza de whatsapp, instagram, facebook e tudo mais.    É evidente que não podemos generalizar, mas o volume de pessoas que passa dos limites de comportamento inteligente é muito grande.

É evidente também que isso retrata o grau cultural do brasileiro, que está no mais baixo nível.

Ofender, ameaçar, tripudiar sobre alguém de quem se discorde em qualquer assunto virou uma triste rotina.   E sem limites.

Colegas jornalistas dia desses foram pressionados e ameaçados de morte só porque emitiram opinião contrária a outras pessoas.     Não é estarrecedor?

O mundo não será melhor enquanto tivermos esse naipe comportamental, que açoda, tumultua, inverte as verdades provocando o terror à base de pura covardia, o anonimato.

Que os processos aumentem e que cada vez mais os irresponsáveis sejam pegos.   Não podemos ser reféns de inescrupulosos.    Essa batalha vale a pena a gente travar.     


 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

O TREINADOR CAIU.

E os treinadores continuam caindo.

Não tem jeito, vivemos no futebol exclusivamente de RESULTADOS.    Ganhou o cara é gênio, não ganhou o cara é defenestrado imediatamente.

Todos chegam falando em "projeto" e assinando vultosos contratos pois os dirigentes seguem agindo sem nenhuma responsabilidade fiscal,  estipulam multas altíssimas - e já de olho nelas, evidentemente - e assim vamos seguindo na rotina pobre da bola.

As torcidas organizadas(?) seguem agindo oportunisticamente e agendando reuniões(?) com jogadores e treinadores de seus clubes, na maioria das vezes no sentido político e menos na paixão pelo time, e nada muda.

O futebol ainda sobrevive graças à sua essência, que é fascinante, mas com pouquíssimos casos de agremiações trabalhando com organização, equilibrio, serenidade e pés no chão.

Os discursos de modo geral são sempre os mesmos, pouco criativos, e muito convenientes com o que ocorre à volta.

Ainda temos aquela coisa de "futebol é diferente, é um caso à parte" e que pode fugir ao bom senso e aos bons costumes sociais.     Errado.     Futebol, em sendo profissional, precisa ter normas compatíveis com a sua responsabilidade social e empresarial.   Não há mais lugar para amadores dirigindo os clubes e nessa tecla muitos vem batendo faz tempo.

Assim como a criminalidade e a corrupção no País, fatos tão comuns e corriqueiros, também no futebol corremos o risco de banalizar tudo isso.    Dar de ombros como se fossem normais tais ocorrências.

E os que se manifestam, se rebelam, muitas vezes recebem críticas e ameaças, tamanha a força que o MAL tem em quase todas as áreas.    Está muito complicado, Brasil.

Conheço treinador de futebol que até hoje, passados vários anos, ainda recebe pagamentos referentes à multa rescisória - o que lhe é de direito, obviamente - enquanto o clube envolvido está mergulhado totalmente nas dívidas.    E os dirigentes que agiram irresponsavelmente, alguns já morreram e outros já estão em outras atividades.

Ninguém é responsável por nada, a não ser a associação clubística, é claro, que ficou com o grande abacaxi nas mãos.

Uma pena, pois esse esporte é apaixonante, envolvente, tem raizes fortes em nossa cultura, e não merece tudo o que está acontecendo ( e já faz tempo ).



quarta-feira, 7 de outubro de 2020

A IMBECILIDADE CAMPEIA.

O exercício de entender a imbecilidade é dos mais árduos, cansativos, mas na verdade não é difícil compreende-la.    E tudo se fecha na paixão e em qualquer atividade social.

Paixão não coaduna com razão, equilibrio, neutralidade.  

No caso do futebol e os protestos de alguns torcedores(?) pinta uma ligeira revolta interior, pois normalmente a violência impera, ultrapassa limites da racionalidade, coloca em risco vidas humanas.

E é claro que "eles" só atuam em grupos, valentões, "destemidos", sob o falso argumento de paixão ao clube e outras baboseiras que só enganam os que querem ser enganados.

Truculência é o recurso dos desorientados, dos que não têm contexto convincente para um debate.

Sabe-se também que em muitos desses casos de protestos os "torcedores" são massa de manobra das oposições, remunerados evidentemente, pois trabalho alí ninguém quer, ninguém aceita.

E os profissionais da bola, sem nenhuma proteção ao chegar no clube, sair do aeroporto, hotel e etc., viram alvo fácil para essa gente sem escrúpulos.

Futebol é um esporte como outros e que assim precisa ser entendido, ou seja, ganha-se, perde-se, empata-se.   É a rotina das modalidades e suas nuances.

Futebol é entretenimento.    Mexe com a razão, altera muita gente em seu emocional, mas é APENAS um esporte.   Ninguém, torcedor, fica mais rico ou mais pobre com os resultados das partidas e dos campeonatos.

Os protestos também acontecem em outros países, é claro, mas no Brasil é muito mais temerário, perigoso, belicoso.

E os clubes não fazem NADA.     Ao contrário, são coniventes com os valentões em grupo das organizadas.

E o sindicato dos atletas, que as vezes mostra a cara em alguns assuntos, nessas horas se omite ou emite comunicados protocolares e que em nada atua diretamente na proteção de seus associados.

Enfim, nada me convence de que essas manifestações são normais, naturais e pacíficas.

Há pressão, coação, intimidação, desrespeito ao direito do outro, no caso os profissionais da bola.

Volto ao tema inicial da IMBECILIDADE.    Da inconsequência.   Da valentia "em grupo".   Ou covardia, melhor dizendo.     

E sem qualquer exceção, pois à cada semana temos cenas de torcidas de clubes pelo País botando terror em funcionários das agremiações.     Nessa semana foi Corinthians, São Paulo, Cruzeiro e tal, mas por parte das outras equipes que atire a primeira pedra.   

Muito triste tudo isso.


 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

AS PERDAS DE 2020 NÃO PARAM

 A carga emocional continua sobre nossos corações nesse cruel 2020.

São tantos conhecidos, amigos e colegas que estão nos deixando.

Hoje a notícia da morte de Synésio Pedroso Jr em Campinas, com quem convivi na metade dos anos 70 na Rádio Brasil, empresa de sua propriedade, pai e irmãos.

Synezinho amava o rádio, o esporte, sempre dando força para a equipe e que tinha o comando de Sérgio José Salvucci, de saudosa lembrança.

Hoje também perdemos Dalmo Pessoa, um jornalista com todas letras e que seguia rigidamente os ditames da profissão.

Combativo, sempre muito bem preparado para qualquer debate, encarava os problemas do futebol com vigor e responsabilidade.

Dalmo estendeu generosamente a mão a mim quando cheguei para o rádio da capital.    Na Gazeta, ainda assustado com a nova casa, foi ele quem me tranquilizou e muito me incentivou.

Depois fomos juntos para a rádio Bandeirantes em janeiro de 1981.

Dalmo era o aparente mau humorado.   Seu coração era doce com a familia, os amigos, os colegas.

Foi um guerreiro na profissão e na vida.

Teve problemas na carreira por causa de sua autenticidade e sua maneira direta de mexer nas feridas das coisas erradas dos clubes e federação.  

Sou muito grato aos dois, Synésio e Dalmo.      Foram importantíssimos na minha carreira.





segunda-feira, 5 de outubro de 2020

MELHORES DO FUTEBOL.

 Coço a orelha quando vejo eleições do "melhor disso ou daquilo" no futebol.

Se tem algo difícil em termos de justiça, mérito técnico, é escolher O MELHOR de todos os tempos, pois poucos se dão ao trabalho de pesquisar o passado e normalmente as escolhas recaem sobre os atuais, os mais recentes.

Atualmente aparece uma pesquisa sobre os melhores do mundo nas posições e pouquíssimos brasileiros constam da lista de concorrentes.     Goleiros, por exemplo, não tem o lendário russo YASHIN, o brasileiro Gylmar dos Santos Neves ( campeão mundial pela Seleção e pelo Santos ) e por aí vai.

Que pelo menos estabeleçam "os melhores" à partir de um determinado tempo, pois assim não se comete injustiça com craques fantásticos que jogaram futebol no Brasil e no Mundo.

Ok, sabemos que a Fifa, as ligas européias, pouco ou nem dão bola para o futebol brasileiro, o qual eles têm como terceiro mundo nesse esporte.   Mas o Brasil ainda é o futebol que mais vezes ganhou Copas do Mundo e isso têm muito valor no contexto de conquistas.

Eles, os europeus, têm seus campeonatos fortes porque também contam com dezenas e dezenas de craques brasileiros atuando por lá.

Sabemos também que esses eventos têm cunho totalmente comercial onde os organizadores somam muitos euros e isso evidentemente pesa muito nos protagonistas envolvidos.

Particularmente essas escolhas em nada me tocam, nem assisto, mas faço o registro em nome dos atletas do passado e suas histórias.    A imensa maioria já deixou a vida, mas o respeito e o reconhecimento deveriam existir nessas horas.

Mas é claro que respeito quem aprecie e acompanhe, votando ou torcendo por esse ou aquele.

Mas dentre tantos, deixar Yashin e Gylmar fora é um crime.



sexta-feira, 2 de outubro de 2020

MORUMBI, 60 ANOS. GOSTOSAS LEMBRANÇAS.

02 de outubro de 1960.

Eu estava indo para os meus 12 anos de idade quando fui presenteado pelo tio Armando com a informação de que iríamos assistir ao jogo de inauguração do Moumbi.

Ele morava em São Paulo, torcedor do tricolor, e sabia da minha tenra paixão pelo futebol.

Creio que vocês podem avaliar a minha ansiedade, um garoto que se amarrava nas transmissões do futebol pelo rádio indo a um estádio da magnitude do Morumbi.

Foi tudo muito impactante.    Desde a saída da casa dele na rua Frei Eusébio da Soledad até o estacionamento do estádio ( terrenos vazios ao redor ) e depois o acesso ao Cícero Pompeu de Toledo.

Quando eu soube que o adversário do Tricolor seria um clube de Portugal, o Sporting, fiquei mais encantado ainda pois na minha mente infantil achava impossível um time vir de tão longe para uma partida de futebol.     Achei que isso só seria possível em Copas do Mundo, como a que ouvi pelo rádio em 1958.

Faltavam ainda alguns lances de arquibancadas para que o Morumbi estivesse totalmente preenchido.   E detalhista que já era, à todo instante perguntava ao meu tio quando o estádio estaria completo pra valer?

O tricolor venceu, e Peixinho fez o primeiro gol no estádio que agora completa 60 anos.

E há poucos anos tive a imensa honra de receber na cabine de transmissão da Arena Fonte Luminosa, Araraquara, para um jogo da Copa SP de juniores, ele, o próprio PEIXINHO.

Contei a ele sobre essa minha história vivida naquela tarde onde ele, Peixinho, revelado na Ferroviária, entrou para a história como o autor do primeiro gol no Morumbi.

Rimos muito, revivemos outras histórias, e Peixinho até hoje burila talentos nas divisões de base do nosso futebol.

60 anos, parabéns Morumbi!

* e é claro, quando podia imaginar que já adulto iria entrar muitas vezes nesse lendário estádio para exercer a minha profissão de narrador das emoções do futebol.    E teve até uma noite onde pisei no gramado e bati minha bolinha numa formação de jornalistas com a camisa da ACEESP - associação dos cronistas esportivos do Estado de São Paulo.     Onde até hoje sou um associado.