sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

ZITO, MESTRE DA BOLA E DA PECUÁRIA.

Não tinha um dia de jogo na Vila Belmiro onde eu fosse trabalhar que não encontrasse o grande ZITO, José Ely de Miranda.  

Capitão do Peixe nos anos 60, campeoníssimo também pela Seleção, era muito atencioso comigo, respeitoso e nosso relacionamento se fortaleceu na Copa do Mundo de 1998 quando ele formou no time de comentaristas da Band. 

Zito era forte em suas tomadas de posição, falava grosso quando necessário, defendia veementemente suas causas e em campo dava broncas no time inteiro do Santos, inclusive no Pelé.   

No Mundial da França fizemos alguns jogos juntos.    Eu, narrando.    Ele, comentando.

Numa das viagens para o interior francês com aquele trem super veloz e confortável, olhando as pastagens Zito me falou da experiência dele com a criação de gados - experiência que ele vivenciou na cidade de Roseira, Vale do Paraíba, onde nasceu.   

Me ensinou detalhes da pecuária e alertou para a febre daquele momento que era o investimento e  e alertava para os perigos dessa ações.     Dava como exemplo o BOI GORDO, que estourava na Bolsa e carreava centenas de pessoas e empresas para aplicar.

Insinuava que esse negócio podia redundar em prejuizo para quem aplicasse caso algumas rotas de administração não fossem corrigidas.

Palavras do mestre!

Meses depois o BOI GORDO emagreceu, faliu e deixou muita gente na mão.   Até agora, 2021, ninguém foi ressarcido.    E dizem, nem será.

Saudade de Zito, que quando dirigente do Santos participou de algumas transações de jogadores do meu Rio Branco para a Vila.    Ficou também amigo de meu irmão Pedro que à época era dirigente do Tigre da Paulista.      Hoje os dois devem estar trocando grandes papos LÁ EM CIMA.





 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

A LIÇÃO DO SILÊNCIO E DO EQUILIBRIO.

Certa vez num jantar com sete ou oito pessoas de uma empresa - e eu era uma delas - presenciei um fato que me deixou lição maior sobre silenciar no momento certo e evitar conflitos desnecessários.

Um colega foi provocado, incitado a reagir, desmoralizado por três pessoas da mesa referente a um acontecimento passado onde eles cobravam o comportamento dele numa ação de demissão numa outra firma.

Diga-se que o "alvo" da ira das pessoas era bem mais velho em idade.   Alí faltou a meu ver respeito e consideração ao senhor, pelo menos na maneira como se dirigiram a ele.

Outros participantes do jantar - que por sinal serviria para confraternizar - tentaram desestimular os vingativos acalmando os nervos, mas sem sucesso.    O tom foi ficando cada vez mais elevado e temíamos até por chegar as vias de fato.

A saraivada de ataques e ofensas prosseguiram e a "vítima" abaixou a cabeça e simplesmente ouvia os impropérios.    Não foi uma admissão de culpa, me pareceu, mas um sinal de maturidade e de compreensão pela ação daquelas pessoas, que já estavam com um bom teor alcoólico no sangue.

Isso durou muitos minutos e o jantar virou um pesadelo, uma congestão.

Pensei comigo que o procedimento dos revoltosos poderia ser outro, tipo em particular logo após a reunião no restaurante.    Mas com algumas provocações de um terceiro a coisa degringolou.

Mas o que eu aprendi desse acontecimento?     Que nem sempre vale a pena o embate, o confronto, o que realmente vale é o equilibrio para a fogueira não se transformar num grande e trágico incendio.    Na verdade vale mesmo é o que temos na consciência.     

Os revoltados desabafaram, devem ter ficado decepcionados pois não houve reação, e o alvo deles se comportou elegantemente, ainda que massacrado pelas ofensas e provocações.

Quem ataca, quem agride, normalmente quer a reação.    Quer a batalha.   E quando isso não acontece há o desmoronamento das intenções revanchistas e a frustração.

Discutir e envolver-se em polêmicas vale apenas quando o assunto merece a abordagem.    Coisas sérias, importantes.     Calar-se diante de baboseiras é agir prudente e inteligentemente.

Dos envolvidos apenas uma pessoa segue entre nós.   Os demais já faleceram.     

  



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

FUTEBOL FEMININO.

O futebol feminino evoluiu muito.

Vendo jogos desse torneio que está acontecendo nos USA ficou constatado para mim que é agradável assistir ao futebol das meninas.

Me fez voltar aos tempos antigos onde a bola rolava inteligente e fluentemente,  sem muitas faltas, sem teatrinho para forçar o árbitro a marcar faltas,  sem a neurose dos dias de hoje em CHEGAR JUNTO e matar a jogada a qualquer custo travando a partida em demasia.

O jogo flui.    A bola "anda" como se diz no jargão futebolês.

Além do aspecto tático e técnico que não deve em nada ao jogo praticado pelos homens.

O que temos visto no masculino brasileiro é uma preocupação muito grande com as arbitragens e também em como ludibriá-la e perturbá-la com reclamações e pressões pessoais.

Consegui assistindo aos jogos desse torneio nos USA ficar um bom tempo diante da telinha, fato que não tenho conseguido nos jogos do Brasileirão.

Os homens se preocupam mais em "cair" para parar o jogo e ganhar a falta marcada, tipo do comportamento manhoso e também preguiçoso, do que em buscar desempenhar bem.

Tenho para comigo que o futebol feminino aqui no Brasil só não tem mais espaço e repercussão por uma outra questão, qual seja a do preconceito.    O machismo ainda impera.   A má vontade de reconhecer o quanto evoluiu o jogo das atletas e no mundo inteiro é gigantesco em nosso País.   

Enfim, gostei do que vi.      E vou continuar vendo.      Me agradou e vem me agradando há tempos.     

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

A MELHOR SELEÇÃO!

A revista PLACAR está convocando jornalistas para montarem a melhor seleção brasileira de todos os tempos.

Não fui convidado a selecionar mas confesso que teria dificuldades para elege-la.

Não me sentiria confortável em relacionar apenas os jogadores que vi atuar, enquanto a Seleção tem uma vida pregressa extraordinária.   Não vi os jogadores dos anos 30, 40, 50...

Quantos craques nessas décadas certamente mereceriam ser escolhidos?

Não é uma escolha justa.     A não ser que se especifique sobre faixa etária de quem irá escalar a melhor seleção.

Mais ainda, no futebol você só pode escolher 11 nomes.    

Entendo a proposta da revista, sei que a repercussão já está sendo grande pois esse tema sempre desperta a curiosidade dos amantes do futebol, mas gostei de não ser lembrado para participar.

Fatalmente cometeria injustiças com os da velha guarda que vestiram a camisa da então CBD e iria me sentir mal.

Gostei de ser "incluído fora dessa" como normalmente se brinca.      Mas respeito a iniciativa da consagrada Placar e é claro as escolhas dos companheiros de profissão.    








segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

ÁRBITRO - AUTORIDADE MÁXIMA?

Sem discutir os erros e as falhas das arbitragens brasileiras, pois afinal eles são seres humanos e sujeitos a se equivocar, é incompreensível o comportamento dos nossos jogadores.

No futebol o árbitro é a autoridade máxima e essa condição os atletas, treinadores, bancos de reservas, ninguém respeita.     Criticamos os juízes, muitas vezes com razão, mas é super difícil apitar por aqui.    Os jogadores parece que são instruídos a pressionar os árbitros naquela velha e desonesta tática de "ganhar no grito".

E quando há aquela paralisação para aguardar o VAR definir algum lance?     Faz-se uma rodinha em torno do mediador que é simplesmente deprimente.    Afinal, a decisão passa a ser do VAR e o juiz apenas está aguardando a comunicacão.

Alguém poderá dizer que é "só" mostrar o cartão que tudo se resolve.   Não resolve.   E se o árbitro levar a ferro e fogo a distribuição dos cartões o jogo não termina por insuficiência numérica ou pancadaria geral.

Aqui no Brasil joga-se tudo nas costas do apitador.    Especialmente nas derrotas, é claro, pois fica mais "fácil" justificar as falhas ao longo da partida e os pontos perdidos.

Essas minhas colocações em nada explicam ou justificam os erros dos árbitros, que por sinal vão continuar errando mesmo se forem profissionalizados, afinal são HUMANOS.      Erram, assim como os jogadores em campo.    O futebol é um jogo de erros, de quem o pratica e de quem o está conduzindo, apitando.

Mas o comportamento indisciplinado dos jogadores tem tudo a ver com a nossa pobre cultura,  onde desrespeitar regras e normas é algo bem peculiar do cotidiano brasileiro.

Mas na verdade tudo se resume a uma coisa:  RESPEITAR a hierarquia.     Se o árbitro é a autoridade máxima em campo, diz a regra, o correto é respeita-la.    Reclamar, gesticular, não concordar com as marcações é tudo perfeito, MAS os atletas passam dos limites.

Muito embora nos tempos atuais a autoridade máxima do apitador já não seja total, absoluta, com a chegada do VAR, porém em campo é ele fisicamente que molda a figura principal.

Sei que é uma viagem tudo o que estou escrevendo pois nada irá mudar, mas está ficando insuportável aos olhos de quem vê futebol a maneira como as coisas estão ocorrendo.

Mas ressalte-se que há quem goste disso tudo:  alguns torcedores, treinadores, diretores...






 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

OS NOVOS TALENTOS. BOAS PERSPECTIVAS.

Tenho participado de muitas resenhas ao vivo pela Internet - chamadas de Lives - e tem me chamado a atenção a quantidade de jovens estudantes de jornalismo interessados na profissão.

Todos com entusiasmo, brilho nos olhos, estudiosos, à par de tudo o que acontece no esporte do planeta, em especial o futebol.     Mas tem também os fãs de basquete, futebol americano, vôlei, automobilismo e outras modalidades.

Nem a pandemia e suas depressões têm tirado dessa moçada o encanto pelo esporte e pela profissão de comunicar.    Hoje com as webs, blogs, o caminho se abre para todos.

Quando me perguntam sobre o futuro dos jornalistas digo que com todas essas ferramentas virtuais existentes o caminho está aberto.

Tempos atrás nós só dependíamos do rádio, da TV, dos jornais e das revistas para um emprego.

Vieram as assessorias e tudo mais, escancarando a janela de oportunidades na profissão.

Hoje temos webs em ação, de rádio e tevê.    Os streamings estão à todo vapor.    Falta agora o espirito empreendedor de quem deseja enveredar por esse caminho e comercializar seus espaços para o merecido retorno financeiro.

As empresas de rádio/televisão estão pressionadas pela crise e têm reduzido suas folhas de pagamento e o número de funcionários.    É o mercado que impõe assim.      Os anunciantes também com a crise estão diluindo suas verbas pela Internet atraídos por tabelas de preços mais acessíveis.   

É aí que os jovens jornalistas entram para empreender.      É a hora.     Tudo isso além do mercado de varejo da publicidade onde os investimentos são menores mas com potencial de faturamento, tudo dentro de cada patamar de penetração e cobertura junto ao consumidor.

Coloco também que nessa onda de pessoas que pretendem profissionalizar seus dons de comunicar a qualidade que tenho constatado.    Quanta gente competente e com a responsabilidade que o nosso trabalho exige.    

Portanto, a perspectiva é muito boa.    Assim vejo.     E que os novos empreendedores tenham a devida paciência para um retorno razoável de grana.     Degrau a degrau.   Conquistas graduais.  Crescimento.    Evolução para ganhar a confiança de todo o mercado investidor.   

A ordem é virar a página, estudar e ver que vivemos um novo tempo.   Quem tiver olhos de ver e a percepção de captar o que está por vir - e na verdade já está acontecendo - se dará muito bem.


 

 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

SÓ LANCHE QUENTE.

Uma das coisas mais incríveis que vivi nas minhas viagens a trabalho e que até hoje tento relembrar e me conscientizar se foi verdade ocorreu certa vez pelo interior paulista.

Quando conto para alguém fico receoso da pessoa desconfiar da minha história e das minhas plenas condições mentais.

Parando num posto de serviço da estrada fui até a lanchonete para comer um sanduiche poucas horas antes de trabalhar.     Um lanche e um suco de laranja, apenas.

Cheguei ao balcão e fiz meu pedido:  um misto frio.    Pão, queijo, presunto.

MISTO FRIO.

A moça atendente foi categórica:  aqui não servimos lanche frio.     Só quente.

Parei, pensei, refleti, achei que havia um mal entendido e reforcei o pedido:  um lanche frio.

E ela já pouco irritada respondeu dizendo que eles não faziam lanche que não fosse na chapa, quer dizer, quente.

Insisti dizendo que era apenas o pão com presunto e queijo, simples, sem colocar na chapa.

E ela novamente disse que era impossível.

Dei meia volta e ao sair parei no caixa para devolver minha ficha de consumo EM BRANCO  perguntei à funcionária do dinheiro se era verdade que alí só se fazia LANCHE QUENTE.

Ela me confirmou.        Sim, somente lanche quente.

Fui embora totalmente incrédulo no que tinha acontecido.     Mas aconteceu, eu JURO.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

A PANDEMIA E SUAS MUDANÇAS.

 Quanta gente se reciclando, revendo posições e conceitos nessa pandemia.    Uns premidos pela necessidade - muitos, por sinal - e outros em boas condições de MUDAR, arriscar novos desafios.

No meio jornalístico e de entretenimento na minha área, da comunicação, muitos colegas estão tomando decisões conscientes e que impactam a opinião pública.

Outro dia foi Fausto Silva que avisou vai deixar a Globo em dezembro quando terminar seu contrato, depois de 32 anos na casa.

Agora o super competente Tino Marcos também bate o martelo e confirma o que havia sinalizado para a emissora dois anos antes, ou seja, vai parar com as reportagens do futebol.

Outros casos ainda virão.      Da mesma forma muitas televisões fazem mudanças, adequações, em vista de tudo o que está se projetando para o planeta e os negócios.

E quanta coisa está mudando.

Aos mais pacientes as mudanças incomodam, intrigam, assustam, mas elas são necessárias para enfrentar o "Mundo Novo" que está vindo.

Raríssimas são as empresas atuais, seja nesse ou naquele ramo, que vivem momentos confortáveis na área economico/financeira.   E dizem os especialistas que "ai" daquelas que não se modernizarem aos novos e difíceis tempos.    E inúmeras tiveram que fechar as portas e desempregar muita gente, lamentavelmente.

O impacto da pandemia e de tantas perdas, humanas e sociais, sacudiu a Terra.     Triste e trágico por um lado, mas de esperança com mais justiça e humanismo.

Mas voltando a Fausto e Tino, dois colegas, ao mesmo tempo que devemos entender e aceitar suas decisões pessoais, fica a pontinha de saudade antecipada do trabalho deles.     Com todas as críticas e rejeições que façam - e isso faz parte da vida - impossível deixar de reconhecer os valores dos dois.

Convivi com Faustão desde os tempos de rádio, ele repórter e eu narrador, viajando pelo Brasil durante anos.    Gigante de alma como seu corpo físico.    Em tempos onde ele formava no time dos assalariados e sempre mal pagos, jamais negou ajudar amigos e colegas em dificuldade.

E depois com sua ascensão profissional seguiu fazendo favores e caridades, e sem alardes.    A generosidade dele e o respeito pelos profissionais menos favorecidos financeiramente, fizeram com que ele sempre estendesse a mão, como faz até os dias de hoje.

Quanto ao Tino somos contemporâneos, eu mais velho que ele, porém nas jornadas o respeito mútuo imperou fortemente.    Sua competência no trabalho é indiscutível e ficará marcada na história da televisão.   Simples, modesto, amigo, sempre esteve aberto a convites de estagiários de jornalismo para palestras e nos estádios e concentrações dividiu informações com os colegas de outros prefixos.        Sua aura é contagiante.     Irradia luz, paz e serenidade.

Em resumo, tudo está mudando e que seja para melhor em nosso convivio.

Precisamos de um mundo mais suave, mais leve, mais harmonioso.    E que a pandemia esteja sendo um agente dessa tão aguardada e sonhada mudança.

Depende de nós.       De todos nós.




segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

DELEGADO INCONVENIENTE.

Anos 80.

Numa festa solene de entrega de troféus aos melhores do esporte da cidade o brilhante Fiori Gigliotte fazia sua palestra sempre carregada de emoção, convidado que fora como paraninfo do evento.

Fiori, além do estupendo narrador esportivo, era muito requisitado para palestrar sobre a vida, o amor, a solidariedade, e nunca para falar de futebol.     Ele gostava de discorrer sobre os valores da vida, muito religioso que era.   Priorizava o lado social e da fé das pessoas.

Depois das homenagens e das palavras de Fiori haveria um jantar aos convidados, cerca de 50 pessoas.    

O discurso do locutor se estendia e dava para sentir o gostoso cheiro do jantar que vinha da cozinha ao fundo do salão.

Atrás do Fiori estavam as autoridades da cidade em uma mesa especial naquele palco.

Num determinado momento o delegado de polícia pediu a palavra ao palestrante no que foi prontamente atendido, é claro.

De posse do microfone o "doutor" disse que a palestra estava muito interessante mas que estava na hora de "comer" e que todos estavam com fome.

Imaginem o impacto da intervenção do inoportuno delegado naquele momento.     Fez-se silêncio e esperamos a reação do Fiori, sempre um gentleman.

Na verdade, a única defesa do indelicado delegado para agir daquela maneira seria o excesso de álcool ingerido no coquetel.    Se é que essa defesa pudesse ser invocada.   Sua atitude foi mesmo de uma pessoa mal educada e sem nenhum respeito ao palestrante e todos enfim.

Mas Fiori manteve a postura de alguém muito equilibrado e respeitoso.   Disse, ironizando ou não, que o "doutor" tinha razão e pediu desculpas por estar se alongando no discurso.

Logo em seguida encerrou sua fala e convidou a todos para o lauto jantar.

Pessoas se afastaram do delegado na sequência e demonstraram elegantemente o repúdio à sua atitude.     Foi marginalizado do evento, acusou o golpe e logo logo foi embora.