Anos 80.
Numa festa solene de entrega de troféus aos melhores do esporte da cidade o brilhante Fiori Gigliotte fazia sua palestra sempre carregada de emoção, convidado que fora como paraninfo do evento.
Fiori, além do estupendo narrador esportivo, era muito requisitado para palestrar sobre a vida, o amor, a solidariedade, e nunca para falar de futebol. Ele gostava de discorrer sobre os valores da vida, muito religioso que era. Priorizava o lado social e da fé das pessoas.
Depois das homenagens e das palavras de Fiori haveria um jantar aos convidados, cerca de 50 pessoas.
O discurso do locutor se estendia e dava para sentir o gostoso cheiro do jantar que vinha da cozinha ao fundo do salão.
Atrás do Fiori estavam as autoridades da cidade em uma mesa especial naquele palco.
Num determinado momento o delegado de polícia pediu a palavra ao palestrante no que foi prontamente atendido, é claro.
De posse do microfone o "doutor" disse que a palestra estava muito interessante mas que estava na hora de "comer" e que todos estavam com fome.
Imaginem o impacto da intervenção do inoportuno delegado naquele momento. Fez-se silêncio e esperamos a reação do Fiori, sempre um gentleman.
Na verdade, a única defesa do indelicado delegado para agir daquela maneira seria o excesso de álcool ingerido no coquetel. Se é que essa defesa pudesse ser invocada. Sua atitude foi mesmo de uma pessoa mal educada e sem nenhum respeito ao palestrante e todos enfim.
Mas Fiori manteve a postura de alguém muito equilibrado e respeitoso. Disse, ironizando ou não, que o "doutor" tinha razão e pediu desculpas por estar se alongando no discurso.
Logo em seguida encerrou sua fala e convidou a todos para o lauto jantar.
Pessoas se afastaram do delegado na sequência e demonstraram elegantemente o repúdio à sua atitude. Foi marginalizado do evento, acusou o golpe e logo logo foi embora.
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