segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

DELEGADO INCONVENIENTE.

Anos 80.

Numa festa solene de entrega de troféus aos melhores do esporte da cidade o brilhante Fiori Gigliotte fazia sua palestra sempre carregada de emoção, convidado que fora como paraninfo do evento.

Fiori, além do estupendo narrador esportivo, era muito requisitado para palestrar sobre a vida, o amor, a solidariedade, e nunca para falar de futebol.     Ele gostava de discorrer sobre os valores da vida, muito religioso que era.   Priorizava o lado social e da fé das pessoas.

Depois das homenagens e das palavras de Fiori haveria um jantar aos convidados, cerca de 50 pessoas.    

O discurso do locutor se estendia e dava para sentir o gostoso cheiro do jantar que vinha da cozinha ao fundo do salão.

Atrás do Fiori estavam as autoridades da cidade em uma mesa especial naquele palco.

Num determinado momento o delegado de polícia pediu a palavra ao palestrante no que foi prontamente atendido, é claro.

De posse do microfone o "doutor" disse que a palestra estava muito interessante mas que estava na hora de "comer" e que todos estavam com fome.

Imaginem o impacto da intervenção do inoportuno delegado naquele momento.     Fez-se silêncio e esperamos a reação do Fiori, sempre um gentleman.

Na verdade, a única defesa do indelicado delegado para agir daquela maneira seria o excesso de álcool ingerido no coquetel.    Se é que essa defesa pudesse ser invocada.   Sua atitude foi mesmo de uma pessoa mal educada e sem nenhum respeito ao palestrante e todos enfim.

Mas Fiori manteve a postura de alguém muito equilibrado e respeitoso.   Disse, ironizando ou não, que o "doutor" tinha razão e pediu desculpas por estar se alongando no discurso.

Logo em seguida encerrou sua fala e convidou a todos para o lauto jantar.

Pessoas se afastaram do delegado na sequência e demonstraram elegantemente o repúdio à sua atitude.     Foi marginalizado do evento, acusou o golpe e logo logo foi embora.



 

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