Quem nunca passou por apuros na vida?
Já descrevi vários nesse blog ao longo dos anos, mas sempre me vêm alguns à cabeça.
Lembro de um em Assunção, Paraguai, quando fui transmitir um jogo da Libertadores na segunda metade dos anos 70. Estádio Defensores del Chaco, no bairro Puerto Sajonia.
Fui enviado pela rádio Gazeta e antes de viajar me chamaram para dizer que eu iria sozinho, sem comentarista e sem operador de áudio. O jogo não era de um "grande" da capital e resolveram economizar.
Desci até a garagem do prédio da Fundação Cásper Líbero onde ficava o departamento técnico de áudio para receber orientações sobre como acionar o equipamento em Assunção.
É claro que tive de encarar os colegas operadores todos de cara fechada pelo fato de não irem viajar nessa jornada de trabalho até o Paraguai. E todos com razão, diga-se.
Me explicaram como funcionaria a máquina e lá fui eu.
Já no estádio e na minha posição de transmissão comecei a plugar os cabos e a chamar "alô Brasil, alô Gazeta!" para completar a conexão.
Ninguém respondia e refiz toda a instalação dos fios. E nada dos colegas da Gazeta ouvirem na Central Técnica em São Paulo. O tempo passava e se aproximava a hora da partida.
Resolvi apelar para um operador brasileiro de uma rádio paulista ao meu lado mas senti que "eles" tinham decidido não me ajudar. Fecharam um protesto coletivo pelo fato da Gazeta não mandar um técnico de áudio para a jornada.
Sentindo o espirito de corpo dos operadores fui até um técnico paraguaio e pedi socorro.
Ele prontamente me auxiliou, e decisivamente, pois consegui abrir comunicação com o Brasil.
Lógico que entendi o protesto da classe mas na hora do desespero condenei silenciosamente a atitude deles.
Eu, recém chegado a São Paulo, um garoto do interior, ainda não tinha a amizade e a intimidade de todos os operadores das grandes rádios paulistanas. Isso também contribuiu para a falta de empatia.
Com o tempo, fiquei amigo de todos eles e vez em quando relembrávamos o episódio-Assunção.
E rimos.
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