Nesse final de janeiro está fazendo 22 anos da minha saída da Bandeirantes.
Janeiro de 1999 foi quando meu contrato com a emissora acabou e não foi renovado. Chegava um novo comando do esporte da casa - Jota Hawilla - e eu não constava dos planos da Trafic.
Fui para a Bandeirantes em janeiro de 1981 levado por Oswaldo dos Santos e Flávio Adauto, que compartilhavam a direção do esporte.
Atuei pela rádio do Morumbi até meados de 1983 quando Luciano do Valle chegou com seu projeto SHOW DO ESPORTE e me convidou para integrar o time dele.
Vivíamos tempos difíceis com salários atrasados e preocupantes perspectivas. A proposta para vários profissionais do esporte da Band que estavam por lá foi salvadora. Luciano do Valle colocou os salários em dia e fez os contratos em novos valores, superiores ao que ganhávamos.
Além do aspecto financeiro que obviamente é importante, os planos da LUQUI - a empresa de Luciano e Quico Leal - eram desafiadores a todos nós. Tínhamos pela frente um modelo que procurava copiar a ESPN Internacional preenchendo a grade de programação da Band com muitas horas.
E esse empreendimento vitorioso da LUQUI se estendeu até dezembro de 1998 com jornadas memoráveis e que a história da televisão registra bem.
Me lembro que dias antes da final da Copa SP de juniores de 1999 eu e vários colegas de trabalho fomos comunicados que estávamos fora dos planos da Trafic.
Tenho da minha passagem pela Band - rádio e televisão - grandes e ricas lembranças. Mas ressalto uma delas e que me tocou profundamente pelo aspecto humano e carinhoso num momento muito triste e delicado para mim.
Num domingo de julho de 1996 logo às seis horas da manhã recebi a notícia do falecimento de meu pai em Americana. Estava em São Paulo e tinha dois trabalhos naquele dia: uma corrida de motovelocidade logo às 9 horas da matina e a gravação de um futebol no Morumbi à tarde.
Por ser domingo cedo e sem as facilidades dos celulares de hoje para me comunicar com a direção da emissora, não tive outra alternativa: fui para a Band e transmiti a motovelocidade, enquanto buscava avisar a chefia do ocorrido.
Em resumo, fui dispensado do VT do futebol no período da tarde e corri para Americana me despedir do seu Juca, meu pai.
Dia seguinte por volta das 10 horas da manhã toca o telefone em casa. Era a secretária de João Saad, o presidente do grupo Bandeirantes. Ele se solidarizou comigo e a família e agradeceu pelo profissionalismo em ir pro ar com o pai no velório.
"Seu" João, como era chamado, era assim. Humano, solidário, simples, um grande homem.
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