Iam jogar Brasil x Itália na Copa de 82.
Aquele fatídico jogo do Sarriá.
Eu e mais colegas brasileiros nos juntamos a um pelotão de jornalistas estrangeiros no saguão do hotel em Madri para acompanhar a partida pelo telão.
Ao meu lado os colegas e amigos Luiz Augusto Maltone e Ney Costa, saudosos companheiros da rádio Bandeirantes naquela cobertura.
Chamava a atenção a euforia dos estrangeiros quando a nossa seleção tinha a posse de bola com aqueles toques refinados de técnica e qualidade.
Eles ficavam encantados, maravilhados, vibravam.
Alguns cutucavam alguém do lado e diziam: Isso é futebol.
Parecia impossível que o Brasil não se classificasse jogando aquela bola, pois até o empate servia ao time canarinho.
Mas o resultado veio e conto aqui o cenário presenciado naquele saguão.
Nossa decepção, é claro, porque o Brasil estava se despedindo do Mundial, mas a reação dos gringos com a vitória italiana.
Eles não se conformavam com a desclassificação brasileira.
Pareciam torcedores do Brasil.
Diziam em voz alta que a Copa tinha perdido a graça.
Falavam que o futebol arte havia sido enterrado em Sarriá e tirado o brilho do Mundial.
Eu desolado sai pelas ruas da capital espanhola e fiz uma caminhada de pelo menos 2 horas buscando entender o que tinha acontecido.
Voltando para o hotel encontrei logo na entrada o Maltone espantado e me contando o que acabara de constatar.
Ele era o companheiro de quarto do Ney Costa e quando subiu tempos depois da derrota brasileira se deparou com um grande recado por sobre a cama do colega.
O recado dizia: " Foi demais para mim. Acabou a Copa. Indo para o aeroporto pegar o primeiro voo de volta ao Brasil. Abraço! "
E ele realmente conseguiu um voo e abandonou o trabalho, tamanha a decepção e frustração do querido comunicador.
Detalhe: todos nós tivemos o mesmo desejo do Ney, mas seguimos firmes mas muito feridos em nossa alma com a eliminação da grande seleção brasileira.
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